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PASSO NÚMERO X

Anjos

 

 

Memórias de Paula

 

Eu sou a música... Sou a canção que toca quando a vida está em sua plenitude! Eu fui a inspiração de todos os grandes mestres, desde o início! Era essa a minha missão e então fez sentido esse meu jeito sonhador. Luana era a inteligência e a ciência, Raquel era responsável pela prosperidade e o entendimento, e eu era a arte, era tudo que não fazia sentido e muito mais, por isso encantava, era o não saber e ainda assim se deixar levar, o mistério por trás do que nem a ciência, nem a razão poderia descrever! O meu canto estava presente sempre que um grande talento precisava compor. Em cada nota, em cada harmonia, um pouco da minha personalidade em cada beleza musical. Beethoven, Mozart, Johann Sebastian Bach, Glenn Miller, Villa Lobos, Noel Rosa... Desde o início eu fui a melodia que o homem ouviu, anonimamente falando de amor e descrevendo aquele olhar demorado que um dia me convenceu que o amor existia e que me roubou de mim mesma... Este amor que me fez uma só com o meu amado e uma só com a vida que eu agora tinha o prazer e o dom de ajudar a renascer!

Nós íamos e voltávamos, de um lugar para o outro. Todos os dias e todas as noites, incansavelmente, sempre que era preciso! Cada vez que nós “descíamos”, algo importante para a humanidade acontecia. Uma pintura, um ideal, uma invenção, um amor que de tão forte trazia mais vidas depois de nove meses... Uma contribuição para a vida humana e para nossa alma. Este era o nosso papel, trazer o homem até o ponto da prova, através da civilização, em busca do conhecimento, da razão e da consciência e principalmente, de cada mistério!

Nossa influência era vital para a humanidade. Os amores e os sabores, os desejos e os anseios do homem. Tudo o que acontecia de novo, éramos nós, trabalhando, ensinando, guiando e deixando-os aprender e viver!

Quando um “escolhido” havia encarnado, mas diante das circunstâncias de seu tempo nos ignorava, procurávamos outras alternativas, mas a sensatez sempre prevalecia. A cada som da harpa, uma nova tecnologia. A cada bater de asas, uma nova aliança com Deus! A poesia pairava como a brisa, cheirava como as flores e o homem se via mais homem quanto menor dentro do universo compreendia ser.

A cada dia que passava avançávamos um pouco mais, levávamos nossa voz durante as eras, séculos e milênios sem deixar que nada necessário se perdesse. Anjos trazendo mensagens no meio da estrada deserta, sonhos proféticos, epifanias em alto mar, deixando nossa memória preparada para o dia em que o prêmio seria alcançado. Sempre pensando no próximo passo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Memórias de Carlito

 

Eu vi quando ele chegou. Não falava com ninguém. Tinha o semblante sério demais. Ele veio para semear o mal. Nós sabíamos que ele também era um dos escolhidos, mas sua missão era fazer o mal, porque o mal era necessário. Eu nunca compreendi muito bem isso, mas aceitava. Sua ambição não era o do poder, mas o de ser o mais corajoso e o mais fiel. Ele foi como Judas que traiu nosso mestre, quando ninguém mais aceitou esta missão. Ele era o excluído e não se sentava à mesa conosco... Mas era o mais fiel.

Quando falava com Miguel era sempre a sós. Hoje eu sei que ele nos evitava para que nossa bondade não afetasse seu trabalho e para que seu trabalho não causasse tristeza em nosso grupo. Ele tinha que destruir o que nós havíamos construído.

Diversas vezes eu o vi concentrado, orando, como que escrevendo cartas de arrependimento. Fazia seu trabalho mas sentia dor em seu interior, podíamos sentir isso. Por incrível que pareça, ele era o que mais orava...

Uma vez eu perguntei como ele encarava aquilo tudo e a resposta não poderia ser mais concisa:


 

- Eu sou o mal que gera o bem. O homem só sente amor quando sofre. Eu faço o que é preciso e peço perdão todos os dias pelo mal que provoco. Eu sou o prêmio do livre arbítrio... E a recompensa dos que tem fé. Sem a minha intervenção não haveria a escolha nem os escolhidos. Não haveria julgamento nem o mérito. Eu faço o que precisa ser feito.


 

Ele veio semear o joio sobre o trigo que nós plantamos. Quando profetizamos estas palavras, não tínhamos a noção exata de como seria. Miguel era o único conhecedor do que e de como iria acontecer.

Mas foi assim que compreendemos que todos nós temos um papel na vida. Se havia o mal, nós éramos o bem e era nisso que tínhamos de focar. Outros escolhidos continuaram a chegar e durante as eras inspiramos várias pessoas com o conhecimento necessário para que o homem se desenvolvesse.

Eram estes encontros que proporcionavam a evolução moral e intelectual.

Em certas ocasiões os atos dele eram tão cruéis que por diversas vezes chegamos ao ponto de querer protestar, mas mantínhamos a confiança em Miguel.

Ele destruía tudo o que pudesse dar esperança para o homem... Não sentia piedade, articulava, manipulava, inspirava a maldade! No momento em que influenciava algum encarnado, destilava toda sua maldade. Seu olhar parecia com o dos animais que havíamos criado para estar no topo da cadeia alimentar. Frio e calculista, tinha liberdade para atuar e nós só podíamos assistir.

Até que chegou o momento em que o nosso grupo foi diretamente atingido por ele e nós resolvemos agir... Algo precisava ser feito, nós não podíamos mais esperar!

IMPORTANTE: Este é apenas um RESUMO deste capítulo e deve ser utilizado APENAS como guia para se ouvir a trilha sonora. Para leitura completa, por favor, faça o DOWNLOAD do arquivo em PDF.

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