top of page

Dedicado a Carlito Rocha

Ele foi o mais Botafoguense de todos. Ninguém viveu mais intensamente esta paixão em preto e branco quanto Carlito Rocha. Foi ele, com certeza, foi ele que inventou nosso folclórico jeito supersticioso de ser. Quando cismava que alguma coisa estaria atrapalhando os caminhos do clube, por mais misterioso e improvável que fosse ele fazia uma algazarra... Um verdadeiro “Banzé”!

Um exemplo: para ele, as cortinas do casarão da sede de General Severiano deveriam ficar amarradas enquanto o Botafogo estivesse jogando.


 

Numa partida do campeonato de 1948, em que o Botafogo era surpreendentemente derrotado pelo Olaria por 3x1, Carlito deduziu que o fracasso só podia ser obra das cortinas. Como ele as mantinha permanentemente enroladas e presas por um nó, pediu a Aloísio, o seu assessor para assuntos de ‘mandinga’, que fosse à sede do clube para conferir o estado das cortinas. Aloísio pegou um táxi, dirigiu-se a General Severiano, retornou ao local da partida, e cinco minutos antes do término, com o placar já em 3x3, disse: “As cortinas estavam desamarradas. Foi aquele empregado novo, ele não sabia que...”. Mas Aloísio não terminou a explicação, porque Carlito afirmou: “Não importa. Agora sei que vamos ganhar”. E a um minuto do fim o Botafogo marcou o gol da vitória (4x3).

 

Fonte: www.futebolimaginario.com.br

 

 

Carlito Rocha era assim. Via o que ninguém mais conseguia enxergar. Percebia além do normal, do transcendental. Carlito Rocha nos ensinou que onde os jogadores não alcançavam, nós devíamos atuar, na outra dimensão, no extra-sensorial, no campo dos sonhos, se possível. Foi assim, de maneira improvisada, que “inventou” o Biriba.


 

Carlito Rocha ganhou ainda mais o carinho da torcida quando instituiu o simpático cachorrinho Biriba como símbolo do clube. O animal, por sinal, pertencia ao ex-zagueiro Jamyr Sueiros, o Macaé. A história começou quando a equipe de reservas do Botafogo venceu o Madureira por 10 a 2. No último gol do alvinegro, um cão preto e branco invadiu o campo. Foi o que bastou para o supersticioso Carlito enxergar o fato como um sinal positivo para o clube. Outra versão diz que durante um jogo entre aspirantes do Botafogo e Bonsucesso, o cão levado por Macaé ao estádio atrapalhou o goleiro adversário em um lance que terminou em gol. Teria sido adotado pelo saudoso cartola na hora.

Certo é que, com Biriba em todos os jogos, o Botafogo conquistou o título carioca de 1948. O animal, por sinal, passou a ser figura obrigatória nos estádios onde o clube se exibiu depois disso, inclusive durante excursões pelo exterior.

Era tão importante que, certa vez, a diretoria do Vasco tentou impedir sua entrada em São Januário em dia de clássico. Em vão. Carlito e seu amuleto acompanharam o duelo, por sinal vencido pelo clube da estrela solitária.


Milton Neves

Terceiro Tempo

http://terceirotempo.bol.uol.com.br

 


 

Este mesmo Macaé foi forçado a experimentar a comida do Biriba, por medo de que tivessem colocado veneno na comida do pobre cachorro! Carlito era assim, o Botafogo antes de tudo... Uma questão de segurança nacional!

E se o clube tem uma ligação especial e mítica com o número 12, este “alvinegro maior” também deveria ter. Foi campeão carioca jogando pelo Botafogo no ano de 1912 e se tornou mais uma estrela no céu num dia 12 de março! Uma vez nos domínios celestiais, não abandonou sua paixão. Se há coisas que só acontecem ao Botafogo, muitas delas devem ter o dedo salvador do Carlito Rocha!

Tanto é verdade que não sou o único a supor estas teorias celestialmente conspiratórias... Não mesmo! Antes do meu nascimento, bem antes, já havia quem encontrasse estranheza nos fatos que permeavam o Botafogo, nas circunstâncias complexas e extraordinárias... Nos mistérios que a vida um dia trará ao nosso conhecimento:


 

Chegou, enfim, o momento de fazer de Carlito Rocha o meu personagem da semana. Quer queiram, quer não, ele está atrelado ao fabuloso triunfo alvinegro sobre o Fluminense. E aqui pergunto: Qual teria sido a contribuição carlitiana para o título? E eu próprio respondo: Carlito ligou o jogo ao sobrenatural, pôs Deus ao lado do Botafogo e, mais do que isso, pôs Deus contra o Fluminense.

 

Nelson Rodrigues
O Deus de Carlito Rocha
Rio de Janeiro, 1957


 

Obrigado, Carlito Rocha !!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

http://www.turmadoroma.com.br/

https://www.facebook.com/turmadoroma

bottom of page