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PASSO NÚMERO XI

10 Encontros

 

 

Memórias de Carlito

 

Miguel ouviu pacientemente minha explicação e quis saber o que nós esperávamos dele.

- Eu gostaria... Nós gostaríamos que o Senhor concedesse a eles o direito de passarem uma vida inteira juntos na Terra, completamente realizados! Nós queríamos que eles pudessem formar uma família e, ao menos uma vez, desfrutassem de felicidade.

- Quer que eu abra uma exceção para eles...

- Sim...

- Carlito, você sabe que não é aconselhável este tipo de exceção.

- Sim, Senhor.

- A vida deve seguir seu rumo. Vocês não estão aqui para serem felizes.

- Sim, Senhor.

- Não é um jogo, Carlito. Não é uma aventura.

- Sim, Senhor.

- É o destino da humanidade, você sabe que há muito mais além do sentimento deles... Você sabe disso!

- Sim, eu sei.

- O “mau” está fazendo mal à sua equipe, não é?

- Parece que é pessoal, Senhor... Achamos que ele tem prazer em nos provocar.

- Você concluiu que ele está “perseguindo” vocês...

- Sim. Não pode ser coincidência... Todas as vezes que eles se encontraram na Terra, aconteceram tragédias. A única vez que concluíram um ciclo ao mesmo tempo, não aconteceu nada de mal a eles, mas nem precisava... Eles haviam nascido com o mesmo sexo... Então, da mesma forma, a vida deles foi de sofrimento... Sim, eu acredito que está havendo uma perseguição, e minha equipe também pensa desta forma. E sabemos bem quem está por trás disso!

- E você quer que eu lhe conceda permissão para impedir o “trabalho” dele...

- Com todo o respeito, Senhor, o trabalho dele tem uma abrangência muito maior, voltada para a humanidade como um todo...

- Com certeza.

- Mas ele parece ter centralizado suas ações nas vidas de Henrique e Paula.

- Todos na Terra passam dificuldades, todos nascem e morrem, todos sofrem... O trabalho dele é global.

- Não é isso que percebemos no sorriso irônico dele quando passa por nós nos corredores.

- Você tem certeza ou está supondo isso, Carlito?

- Estamos certos de nossa suposição, Senhor.

- E na hipótese de sua suposição ser verdadeira, o que esperam exatamente que eu faça?

- Eu gostaria... Nós gostaríamos que por uma única vez, o Senhor concedesse a Henrique e Paula um presente, um prêmio por tudo o que fizeram até agora.

- E quer que impeça o trabalho dele?

- Não, Senhor. Nós gostaríamos que nos concedesse o direito de intervir cada vez que ele tentar algo contra Henrique e Paula, apenas uma única vez.

- Quer que eu impeça o trabalho dele!!!

- Este não é o trabalho dele, se divertir com o nosso sofrimento não faz parte de suas designações...

- Carlito, há uma legião de “anjos” trabalhando o tempo todo, o que eles diriam ao perceber que sua equipe está sendo privilegiada?

- Mas não é um privilégio...

- Claro que é!

- É uma concessão...

- E se amanhã todos vierem pedindo a mesma coisa?

- O foco dele é apenas com Henrique e Paula.

- Então acredita firmemente que é pessoal...

- Sim, é pessoal.

- Percebe que da sua parte, agora também é?

- Sim Senhor.

- Carlito... Vou considerar o seu pedido, pela dedicação do seu grupo... Sei que tem sido uma tarefa árdua. Compreendo o que eles passaram, sei que não deve ter sido fácil. Vocês merecem uma resposta.


 

Durante longos cinco minutos ele deliberou silenciosamente sobre qual decisão deveria tomar. Aqueles poucos minutos pareciam uma eternidade... Repentinamente, ele ergueu as pálpebras, olhou em minha direção e disse.


 

- Só desta vez!

Memórias de Luana

 

Eram duas crianças maravilhosas, as mais lindas que eu já tinha visto! A primeira vez que se encontraram foi no jardim de infância e foi amor à primeira vista! Cresceram juntos, inseparáveis. O universo – e nós – conspirávamos a seu favor! O casamento foi logo após a faculdade e todos nós estávamos lá!

O primeiro filho não tardou a chegar. Havia progresso no trabalho, eram dois profissionais de talento e de um brilhantismo nato! Tudo que tocavam ganhava vida! Ele era um promissor engenheiro, ela uma professora de canto! Os dois outros filhos – um casal – vieram rápido e os primeiros netos assim que o primogênito completou a maior idade!

Nada os atrapalhava e o mal não estendia sobre eles a sua mão. Andávamos 24 horas por dia ao redor deles! Era realmente uma família feliz! Não eram ricos, mas nunca experimentaram a falta de absolutamente nada. Instintivamente reconheciam que o que mais desejavam, finalmente podiam ter: um ao outro!

Os primeiros 50 anos desta relação foram perfeitos! Nós brincávamos dizendo que era a “marcha de casamento”. Toda vez que alguém tentava atrapalhar, com um jeitinho discreto nós impedíamos. Não, desta vez nada poderia dar errado! Quantos desencontros aconteceram antes, mas agora nada os faria ruir.

Quantas pessoas perderam a hora de dizer a coisa certa, quantos Dons Juans enrolaram a língua sem saber o que dizer na hora de tentar seduzir sua amada! Mas agora nós estávamos por perto, para encorajá-los a não perder esta oportunidade!

Muitas outras vezes tivemos que intervir fisicamente, curando uma doença ou outra... Tínhamos esta permissão dada por Miguel, mas apenas desta vez.

A terceira idade chegou e cada vez mais pareciam uma só pessoa, tamanha a identidade que tinham. Talvez a família mais bem elaborada que já existira e não apenas por nossa intervenção, mas porque a força do amor puro foi o cúmplice que eles sempre tiveram. Isso nos mostrava como deveria ser o mundo e esta energia nos motivava a nos empenhar cada vez mais!

Aquela família abençoada progredia mais e mais! As crianças se multiplicavam... A cada ano, a cada primavera, a cada estação... Eles eram um oásis em meio ao tumultuado destino da humanidade.

Por fim adoeceram e morreram... De mãos dadas, no final mais bonito e romântico que poderíamos planejar. Foi o nosso melhor momento desde que chegamos!


 

E foi assim que aconteceu! Paula e Henrique nasceram, cresceram, se casaram, formaram uma família e viveram felizes até o último dia daquela passagem na Terra. Então retornaram e o grupo estava agora pronto para iniciar uma nova etapa... A fase que iria definir os rumos do próximo ciclo! Uma nova “turma” teria que surgir para que o tempo da consciência estivesse definido.

Mas como sempre, não seria uma tarefa fácil. Tudo dependeria da habilidade e criatividade de Carlito. Este seria o último de seus doze passos!

IMPORTANTE: Este é apenas um RESUMO deste capítulo e deve ser utilizado APENAS como guia para se ouvir a trilha sonora. Para leitura completa, por favor, faça o DOWNLOAD do arquivo em PDF.

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